“(Emília) - A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A
gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim,
morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda,
dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste
mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos,
pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E
depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É
ou não é?”
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